sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Percebes que para entrar na toca deves diminuir de tamanho?
A cada ano crescemos ao menos em memória
E ao não abandonarmos um pouco dessa história,
Os buracos que se oferecem como novidade
Acabam minguando com o passar da idade...
Quem é você pergunta a lagarta?

Seu passado ou seu desejo de futuro?

FLÂNEUR DOS ABRAÇOS

A melhor maneira de conhecer uma cidade é perder-se nela escrevera Benjamin... Imagino que isso não seja valido apenas para as cidades. Os bons encontros, seja com qual corpo for, estão repletos de perdições. Eles exigem que tenhamos um devir flâneur para conhecer o outro e a si mesmo na invasão das intensidades produzidas. Quanta dor há num encontro, mesmo que seja bom, nele ficamos em pedaços, rachados pelo outro que insiste em nos habitar em sua diferença. O desamparo trágico do encontro nos faz vacilar, ativa certas defesas para a não efetuação da alteridade proposta pelo outro. Resistimos...

O que pedimos ao outro, neste momento de vertigem, para além de sua diferença catastrófica em nós, é um abraço. Abraço que nos envolve com sua alteridade, mas que ao mesmo tempo, nos embala para que nossa fragilidade possa ser afirmada e não escondida pela vergonha de ser fraco. Morremos e nascemos a partir de um abraço, flanamos por suas intensidades, desvelamos o outro em nós, a pequena morte insiste em ser abraçada...