quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

sobre a política brasileira de 2020

As práticas políticas da atualidade no Brasil estão enlaçadas por ao menos quatro tipos de programas televisivos e que chegaram ao seu ápice neste ano.
1 - programas de TV que exaltam a ação truculenta da polícia e que produzem um sentimento de desamparo na população frente a violência causada pelos marginais escolhidos pela mídia. Tais programas começaram a existir lá no tempo do "aqui agora" do sbt e têm o seu auge no escroto do Datena. O tipo de mensagem que estes programas passam são de que devemos dar todos os poderes a polícia, que teria legitimidade para matar em qualquer episódio. Não a toa o último ato do presidente e do ministro da justiça, que liberaram a banda podre da polícia neste Natal do xilindró.
2 - os programas de auditório, bem populachos, que colocam casais, vizinhos, amigos, famílias a exporem suas brigas, de uma maneira absolutamente grosseira. Sendo exatamente este tipo de linguagem usada por nosso excelentíssimo presidente.

3 - os programas de igreja evangélica, a pior praga de ordem espiritual que já vi existir, alienando em absoluto 25 por cento da população brasileira. E, obviamente, se 25 por cento da população está alienada por uma ordem divina-moral, quando chega a hora de votar, este bloco alienado vota como as boas ovelhas no candidato indicado como messias. E com 25 por cento dos votos garantidos é muito difícil o candidato não se eleger. E depois de eleito, por mais que ele faça qualquer ato corrupto ou grosseiro, não se tem qualquer problematização, já que ele é o escolhido por Deus.
4 - programas que ridicularizam a política, tipo pânico ou cqc, a partir da representatividade dos políticos, os quais contribuem para uma reação que descrê da possibilidade da política, do diálogo das diferenças e que só está pela lacração, uma espécie de sublimação frente a raiva que todos têm da classe política. É o que vemos o clã de idiotas fazer a todo tempo, assim como ministros, sendo o mais grave o da educação.
Enfim, estamos entregues a esta pobreza de subjetividades que não abrem espaço para diálogos e problematizações E uma sociedade sem acolhimento a alteridade e sem possibilidade de questionamentos sobre suas ações é extremamente preocupante.
Espero que no próximo ano os contrários à tais modos de subjetividade, normalmente pessoas à esquerda na política, sejam menos politicamente corretos (outra praga embutida em todos nós neste capitalismo da evitação de confrontos como diria Roudinesco) para começarmos a sair dessa transferência alienante que estamos imersos.