sexta-feira, 18 de setembro de 2015

DA ESCUTA DO INCONSCIENTE

A arte da escuta do inconsciente se passa pela abertura do corpo para a poética da vida e não para historietas de vida...

terça-feira, 15 de setembro de 2015

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON

Filme antigo, mas que vale ver só por esta cena-fala:
(Benjamin) - Estava sozinho?
(Seu amigo trágico) - Muitas vezes, se fica sozinho quando você é diferente dos outros, é isto que acontece.
Suspiro de Benjamin...
(Seu amigo trágico) - Mas vou lhe contar um segredinho: pessoas gordas, magricelas, pessoas altas, pessoas brancas, elas são tão solitárias quanto nós. Mas elas morrem de medo...
(Benjamin) - Ahhh!

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

UMA ODE À PSICANÁLISE NO DIA DOS PSICOS


Neste dia reservado aos psicólogos, fiquei a imaginar se tal festejo ocorreria quando tratamos da psicanálise. Logo pensei - sem realizar nenhuma pesquisa - que isso seria uma contradição, posto que uma disciplina que trata de se colocar num tempo outro, aion, no atemporal, não teria como postular para si uma fundação. Tempo este que é sempre um intruso, um mal-estar na vida cronológica, um desvio descabido na lógica burocrata.
Apesar desta velhaca não ter data e de causar tantas surpresas inoportunas com sua peste, gostaria de parabeniza-la, não para requisitar um dia para ela, mas por sua resistência em não baixar a guarda frente a um mundo em que impera uma tal de subjetividade mínima. A psicanálise continua com vigor e contemporânea no sentido que Agamben atribui ao termo, contemporânea por que olha de maneira enviesada para a atualidade, a estranhando em cada encontro analítico que se passa na clínica. Neste sentido, não estamos falando aqui de uma clínica contemporânea que, volta e meia, surge com tecnologias que prometem, que afirmam a cura de todos os males, como se pudéssemos nos limpar de todos os nossos pecados. Tal prática, inclusive, mesmo que com novas maquiagens, é por demais antiga...
A psicanálise - seja a que se utiliza do papai e da mamãe, seja a que explode o édipo - nos oferta a possibilidade de sermos mais humanos, de desistirmos de sermos deuses, e de aceitar nossas imperfeições ao ponto de revirá-las do avesso para que as afirmemos, inclusive, enquanto potência de vida.

domingo, 2 de agosto de 2015

SOBRE A DIFERENÇA E SEMELHANÇA ENTRE INTER E GRÊMIO

No futebol praticado entre as fronteiras do Brasil, Uruguai e Argentina, temos dois estilos de jogo, o brasileiro, repleto de gingado e brilho, que possui a habilidade técnica enquanto magia para vencer obstáculos no campo; e o gaucho, marcado pela bravura de um rosto robusto e de poucos amigos, que cozinha em fogo baixo seus oponentes para derrubá-los em momentos de exaustão. O Grêmio é entre os times brasileiros o mais gaucho, o inter é entre os gauchos o mais brasileiro, e ambos transitam antropofagicamente nesse ínterim de estilos.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

NÃO SE ENDURECE

Que bela frase dessa musiquinha linda de poética que Gal canta: “Não se endurece que eu também te amo, não se endurece”... Não se endurece no momento em que o outro enamorado começa a expor seus “outros” mais repetidos - e por isso chatos de humano - que, quando em paixão, em momento de êxtase, ficavam esquecidos, por que não apagados para afirmar que se é bem mais potente que as repetições medrosas que nos acostumamos a bailar pelos encontros da vida quando neles ficamos mais íntimos.


https://www.youtube.com/watch?v=LsJ9rZGRJZM

sábado, 20 de junho de 2015

AINDA SOBRE A MORAL CRISTÃ...

Por que alimentamos mais o nosso passado, fagulha para o ressentimento, e nos preocupamos mais com um imaginável e por isso angustiante futuro, se o único tempo que temos a certeza de estarmos vivos é o presente?

Ahh... doce desejo esse de ser imortal como os deuses para dar conta de todos os tempos. Esquecemos que é justamente porque temos a possibilidade de estarmos somente no presente que os deuses nos invejam...

domingo, 17 de maio de 2015

O CÃOTROLADO

Ao caminhar por Porto Alegre em suas ruas visualizo um cachorro segurando sua própria coleira pela boca ao acompanhar seu dono. Ora, isso nada mais é do que a concretização da sociedade de controle...
O cão não necessita mais de um dono para guia-lo e controla-lo externamente, ele se auto-controla ao levar sua própria coleira na boca....

sábado, 9 de maio de 2015

DELEUZE É UM MENTIROSO...

DELEUZE NOS FALA DO SIMULACRO ENQUANTO POTÊNCIA DE ESTAR SEMPRE A SE REINVENTAR, NÃO FICANDO PRESO AO MOLDE. A AQUILO QUE QUER NOS LIMITAR, AO MUNDO DAS IDEIAS PLATÔNICAS QUE NUNCA REVERBERA DE MANEIRA EXATA. A MALDIÇÃO DA CÓPIA, PARA O HORROR DO MUNDO IDEAL, É QUE ELA SEMPRE FALHA, MENTE, E A CADA PASSO PARA LONGE DA PERFEIÇÃO, ACABA POR SE DESCOBRIR UM OUTRO INIMAGINÁVEL, CORPO SEM MEMÓRIA, ESQUECIMENTO DA REPRESENTAÇÃO PERFEITA, DEVIR PURO A DESTITUIR O INSTITUÍDO. BUENAS, A PARTIR DESTA LEITURA, TOMARA DEUS QUE SEMPRE CONSIGAMOS TER A CORAGEM DE FALHAR, DE MENTIR OU DE INVENTAR ALGO QUE NOS DESCOLE DA GRANDE MENTIRA QUE TENTA SILENCIAR TODAS AS SUAS IRMÃS DECAÍDAS.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A CURA PELA FALA

O que uma terapia pode oferecer é a possibilidade de nos encorajar a fazer amizade com os nossos sofrimentos...
Mais que isso é charlatanismo!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Percebes que para entrar na toca deves diminuir de tamanho?
A cada ano crescemos ao menos em memória
E ao não abandonarmos um pouco dessa história,
Os buracos que se oferecem como novidade
Acabam minguando com o passar da idade...
Quem é você pergunta a lagarta?

Seu passado ou seu desejo de futuro?

FLÂNEUR DOS ABRAÇOS

A melhor maneira de conhecer uma cidade é perder-se nela escrevera Benjamin... Imagino que isso não seja valido apenas para as cidades. Os bons encontros, seja com qual corpo for, estão repletos de perdições. Eles exigem que tenhamos um devir flâneur para conhecer o outro e a si mesmo na invasão das intensidades produzidas. Quanta dor há num encontro, mesmo que seja bom, nele ficamos em pedaços, rachados pelo outro que insiste em nos habitar em sua diferença. O desamparo trágico do encontro nos faz vacilar, ativa certas defesas para a não efetuação da alteridade proposta pelo outro. Resistimos...

O que pedimos ao outro, neste momento de vertigem, para além de sua diferença catastrófica em nós, é um abraço. Abraço que nos envolve com sua alteridade, mas que ao mesmo tempo, nos embala para que nossa fragilidade possa ser afirmada e não escondida pela vergonha de ser fraco. Morremos e nascemos a partir de um abraço, flanamos por suas intensidades, desvelamos o outro em nós, a pequena morte insiste em ser abraçada...