domingo, 29 de setembro de 2013

SOBRE O ESCREVER

Realmente, a melhor escrita, ou, as melhores idéias nos alcançam em momentos inoportunos, no caso, quando não as esperamos. Pode ser numa noite mal dormida de insônia que resistimos fazer outra coisa senão dormir, assim como depois de muitos goles de vinho já embriagado por Dionísio com o qual somente encontramos linhas tortas.

O fato é que no momento da distração e até mesmo do não querer pensar é que ocorre aquilo que desejamos escrever, mas que sempre acabamos por deixar de lado por imaginar que existirá o momento propício para isso.

Pobre escrita que sucumbe em sua naturalidade quando ambicionamos fazer dela uma burocratização. Os traços neuróticos que tomamos para nós como segurança numa determinada produção somente aniquila o Ato singelo da criação.

O pior disto é que não ocorre somente com a escrita. Por comodidade efetuamos isso por todos os lados de nossas vidas - a cercamos com arame farpado. Atos direcionados em oposição à liberdade da invenção.

Creio que isso possa ter relação com o medo da morte, já que invenção sempre vem acompanhada do falecimento daquilo que tínhamos programado por hora. Logo, podemos presumir que a invenção é a maior de todas as assassinas! Mata o script ao nos jogar para o improviso. Lugar do inesperado paradoxalmente tão esperado pelos humanos medrosos que ficam a protelar tal instante. Como já dissera Nietzsche: Humano, demasiado humano!

Finalizando por hora, uma última frase inspirada por Nietzsche: a revolução, a paixão e a criação somente são possíveis em momentos de esquecimento.

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